Depressão, ansiedade e alcoolismo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, recentemente, um novo relatório global sobre a prevalência de depressão e outros transtornos mentais comuns. De acordo com a publicação “Depression and other common mental disorders: global health estimates”1, há 322 milhões de pessoas com transtornos mentais, como depressão e ansiedade, ao redor do mundo, sendo que a prevalência desses transtornos é maior entre as mulheres.
Num intervalo de dez anos (2005-2015), o número de casos de depressão aumentou 18%. No continente americano, o Brasil é o país com maior prevalência de distúrbios de ansiedade (9,3%) e tem a segunda maior prevalência de distúrbios depressivos (5,8%). Segundo o relatório, esses transtornos podem atingir pessoas de todas as faixas etárias, entretanto o risco é maior entre pessoas em situações de pobreza, desemprego, doenças físicas e com problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas.
Na literatura científica já foram encontradas evidências associando os transtornos relacionados ao uso de álcool aos distúrbios de depressão e ansiedade. Um estudo2 recente investigou a prevalência desses diagnósticos em alcoolistas, seus efeitos sobre a propensão para beber em estados emocionais negativos e possíveis diferenças de acordo com o gênero. Os pesquisadores identificaram uma alta prevalência de distúrbios de ansiedade e depressão entre os alcoolistas que participaram da pesquisa, sendo essa prevalência maior nas mulheres.
O comportamento de beber em estados emocionais negativos também foi mais frequente entre elas, entretanto, foi identificado que esse tipo de resposta também é comum entre mulheres alcoolistas não diagnosticadas com transtornos de ansiedade e depressão. Entre os homens alcoolistas, a propensão para beber em estados emocionais negativos aumentou significativamente entre os diagnosticados com transtornos de ansiedade e depressão. Os resultados desse estudo confirmaram, portanto, que esses diagnósticos são comuns em alcoolistas que buscam tratamento. Além disso, os achados da pesquisa chamam atenção para a necessidade de considerar os efeitos das diferenças de gênero na escolha do tratamento de pacientes alcoolistas diagnosticados com transtornos de ansiedade e depressão.
Fonte: CISA - Centro de Informações sobre Saúde e Álcool. Disponível aqui.