Uso da maconha em tratamentos reacende debate sobre o cultivo
Efeitos terapêuticos comprovados de um lado, leis contraditórias e moralismos de outro, barram a necessária discussão sobre o uso da erva para fins diversos; na opinião de muitos consumidores, plantar a erva em casa é uma forma de não alimentar a cadeia econômica do tráfico de drogas armado, mas essa iniciativa ainda esbarra na atual Lei de Drogas, que dá brechas para que, uma vez flagrados, os plantadores caseiros sejam autuados como traficantes
Maurício Thuswohl, da Rede Brasil Atual
Afinal, a Cannabis sativa é ou não uma boa droga? Ainda aprisionada em uma redoma de argumentos morais, ideológicos e, às vezes, técnicos, a discussão sobre a maconha está novamente povoando corações e mentes desde o início do ano, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu reclassificar um dos componentes da planta – o canabidiol ou CBD – da categoria das substâncias proibidas para a categoria dos medicamentos de uso controlado. A decisão atendeu a uma antiga reivindicação de pacientes que encontraram na substância algum alívio para problemas como epilepsia, espasmos e mal estar pós-quimioterápico, entre outros, mas eram obrigados a importar o produto de forma legal.
Lançamento do livro Desenvolvendo e Articulando o conhecimento para o cuidado das pessoas em sofrimento pelo uso de drogas em contextos de vulnerabilidade
Este livro foi organizado pela equipe do Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da UnB - Campus Ceilândia, motivada pela vivência em seu território de atuação - o entorno de Brasília - junto aos profissionais de saúde, assistência social, segurança pública e educação, com a proposta de compartilhar conhecimentos sobre drogas à partir de uma linguagem simples, prática e que, portanto, pudesse ajudá-los em seu cotidiano de trabalho.
O livro está dividido em 4 seções temáticas com 14 capítulos: Contexto Local (2), Conceitos (2), Estratégias e Recursos para Abordagem (7), Legislação e Políticas Públicas Intersetoriais (3), e contou com 29 autores colaboradores.
O livro está disponível para compra por meio do site da editora (www.editoracrv.com.br)
Justiça inocenta médico que plantava maconha
EDUARDO VELOZO FUCCIA
Caso fosse condenado pelo crime, pegaria uma pena variável de 5 a 15 anos de reclusão
A Justiça inocentou da acusação de tráfico de drogas um médico ginecologista e obstetra que plantava maconha em seu apartamento, no Embaré, em Santos, e o livrou de uma pena variável de 5 a 15 anos de reclusão, caso fosse condenado por esse crime.
As provas produzidas durante o processo convenceram a juíza Silvana Amneris Rôlo Pereira Borges, da 6ª Vara Criminal de Santos, de que o médico R.G.M., de 27 anos, plantou a erva para o próprio consumo e desclassificou o delito para porte de drogas.
“Não se tem prova capaz de indicar que o acusado praticasse o tráfico de drogas ou que o estupefaciente cultivado em sua residência objetivasse essa finalidade, restando demonstrado, ao contrário, que a maconha seria consumida pelo réu”, destacou a juíza.