Cracolândia
Jornal O Estado de S. Paulo
Carlos Alberto Di Franco, O Estado de S.Paulo
(imagem: Instituto Milenium)
Domingo, 21 de maio. Começa uma megaoperação da polícia na cracolândia. Gritaria, corre-corre, bombas de gás lacrimogêneo. Centenas de policiais fazem uma varredura na região e, ao lado de funcionários da prefeitura e de máquinas retroescadeiras, desmantelam o cenário de morte e autodestruição humana que, vergonhosamente, convive com a cidade mais rica do País.
O prefeito João Doria gravou um vídeo para as redes sociais. Foi enfático: “A cracolândia aqui acabou, não vai voltar mais. Nem a prefeitura permitirá nem o governo do Estado. A partir de hoje, isso é passado”. Foi precipitado. Não acabou. Com a dispersão dos usuários, uma nova cracolândia surgiu a menos de 400 metros da antiga, na praça Princesa Isabel. O tráfico e o uso de crack continuaram. Outras cracolândias brotaram, do Minhocão à avenida Paulista. A coisa não é tão simples. Não se resolve no grito e no marketing. É preciso um projeto sério, articulado, sem improvisações.
Crescimento do Consumo de Heroína traz violênbcia e medo ao México
GAZETA DO POVO
TOLOLOAPAN, MÉXICO
Joshua Partlow - The Washington Post
Os chefes da droga são como como senhores feudais, em guerra entre si e com os grupos de vigilância que surgiram contra eles. Moradores são sequestrados em grupos. Corpos torturados são jogados no vale, deixados para queimar no pavimento quente.
Nesta inquieta cidade no meio da rodovia da heroína no México, cidadãos com armas enferrujadas revistam carros que passam como uma contribuição à defesa pública. A polícia foi dispensada há anos. Recentemente, o prefeito recebeu uma ameaça de morte e fugiu com o helicóptero do governador.
Crack avança em todo o país
Jornal O Estado de S. Paulo
A maior atenção ao que se passa em grandes cidades, porque nelas o problema é mais visível e por isso mais chocante – como a concentração de dependentes na Cracolândia, em São Paulo –, fez com que só mais recentemente começassem a surgir estudos mostrando a larga difusão do crack por todo o País. A tal ponto que já se pode dizer que ele tem tudo para se tornar um grave problema de âmbito nacional, que não poupa nenhuma região, das mais ricas às mais pobres, e, nelas, nem mesmo as pequenas cidades do interior.
CRESS/SE repudia violações de direitos na “cracolândia” em SP e reafirma seu compromisso com a defesa da política PÚBLICA de saúde mental e do tratamento humanizado de usuários de álcool e drogas
Diante das intervenções desumanas e marcadas pela concepção preconceituosa de “limpeza social” junto aos usuários de drogas pela prefeitura de São Paulo, o Conselho Regional de Serviço Social 18a. Região Sergipe – CRESS/SE manifesta publicamente seu repúdio a tais ações, que ferem a dignidade humana e violam diversos pactos de defesa de Direitos Humanos dos quais o Brasil é signatário.
As ações truculentas e do Prefeito João Dória (PSDB/SP) incluem a demolição de um imóvel ainda ocupado por três pessoas, a retirada à força – com tiros e bombas de gás lacrimogêneo – de dependentes químicos do local conhecido como “cracolândia” e a ameaça de internação compulsória – forçada – dos indivíduos que, em extrema situação de vulnerabilidade, são desabrigados e usuários de drogas, majoritariamente de crack.
O cuidado de pessoas com transtorno mentais e usuários de Álcool de Drogas em liberdade é uma conquista de vários movimentos sociais que lutaram e lutam pela reconstrução da política de saúde mental, priorizando a autonomia, a política em rede, o fortalecimento de vínculos, a convivência familiar e comunitária e a concepção de que o indivíduo que sofre de transtorno mental e/ou é usuário de drogas é sujeito de direitos e cidadão.
Neste cenário de avanço desmedido do autoritarismo, O CRESS Sergipe não aceita esse tipo de afronta ao nosso projeto ético político, que é sustentado nos princípios da defesa da liberdade, da autonomia e da defesa intransigente dos Direitos Humanos. É nosso dever enquanto Assistente Social defender o projeto ético politico de nossa profissão e, portando, o CRESS Sergipe, enquanto entidade representativa da categoria, reafirma seu compromisso histórico com a luta antimanicomial e com o tratamento humanizado de usuários de álcool e drogas.
Fonte: Conselho Regional de Serviço Social 18a. Região – Sergipe. Disponível aqui.